Reabertura do Comércio entre o Brasil e o Japão após a Segunda Guerra Mundial (1949-1959)

Masako Shimizu (Orientador: Cecília Maria Westphalen)
Dissertação de Mestrado
Programa: UFPR/PPGHIS
Defesa: 1987
Resumo: As relações diplomáticas entre o Brasil e o Japão começaram com o Tratado de Amizade, Comércio e Navegação, estabelecido em Paris, em 1895. Desde então, os dois países mantiveram relações amistosas até o início da Segunda Guerra Mundial, quando suas relações foram interrompidas. Em 1949, as relações foram reatadas e até hoje os dois países mantém relações estreitas e amistosas, que fazem do Japão o segundo maior importador do Brasil. O objetivo desta dissertação é demonstrar como o comércio entre os dois países recomeçou, após a Segunda Guerra Mundial e isto significa procurar as bases das relações estreitas existentes entre o Brasil e o Japão. Para redigir esta dissertação, foram utilizados, como fonte primária, os ofícios conservados no Arquivo Histórico do Itamaraty, no Rio de Janeiro. Também foram consultados livros, revistas e dados pertencentes ao Brasil e ao Japão, como fonte secundária. No Brasil, os documentos diplomáticos estão disponíveis ao público. Porém, para a consulta dos documentos posteriores a 1900 até 1959, há necessidade de autorização do Ministério das Relações Exteriores do Brasil. Os documentos posteriores a 1960, não estão à disposição do público. Ao solicitar-se ao Itamaraty a autorização de pesquisa dos documentos de 1949 até 1959, foi permitida a consulta somente dos documentos ostensivos (não-ultra-confidenciais nem confidenciais). Por isso, o período da pesquisa foi determinado pelo tempo compreendido entre 1949 a 1959. O primeiro ano é de 1949, quando foi reaberta a Embaixada brasileira em Tóquio, e o último ano é 1959, permitido pelo Itamaraty. Quando as relações diplomáticas entre o Brasil e o Japão recomeçaram, depois da Guerra, com a reabertura da Embaixada brasileira em Tóquio, o comércio entre os dois países também recomeçou em ritmo lento. Naquela época, o Japão era subordinado às Potências Aliadas, devido a derrota na Guerra, e seu comércio era controlado pelo SCAP (Supremo Comando Aliado do Pacífico). Aliás, a economia japonesa encontrava-se esgotada, depois de ter sido destruída pela Guerra, levando, naturalmente a um comércio pouco representativo com o Brasil. Como resultado da conclusão do Tratado de Paz em São Francisco, o Japão reivindicou a sua soberania e, em setembro de 1952, foi assinado o Ajuste Administrativo do Comércio Brasil-Japão. Com esse estímulo, o comércio entre o Brasil e o Japão começou a aumentar. O Japão fazia esforço para comprar produtos brasileiros, principalmente algodão, e, em 1954, as exportações brasileiras para o Japão chegaram ao pico com o valor de 32 milhões de dólares. Os produtos japoneses importados pelo Brasil era máquinas de costura e maquinária leve, além de produtos têxteis e miscelâneas, ou seja, produtos tradicionais. Na primeira metade da década de 50, o Governo brasileiro adotou a política de restrição de importação, sendo que as importações japonesas não aumentaram muito. Porém, no Governo do Presidente Café Filho, adotou-se a política de introdução de capitais estrangeiros e as importações de máquinas industriais foram facilitadas, sendo que, em 1956, as importações do Japão chegaram a 51 milhões de dólares. Todavia, o Brasil começou a acumular débitos para com o Japão desde 1954 e, devido ao deficit com o Japão, em 1958, o comércio entre os dois países foi paralisado. Na primeira metade de 1950, as principais relações econômicas entre os dois países baseavam-se em troca de mercadorias. Na segunda metade dos anos 50, a economia japonesa expandiu-se rapidamente e a capacidade de competição das empresa elevou-se, tendo como efeito, o fato de que cada empresa procurou direcionar suas atividades para o exterior, expandindo suas técnicas e administração. No Brasil, as seguintes empresas estabeleceram suas filiais: a Toyobo e Kanebo, empresas têxteis, a Taiyo Fisheries, a Ajinomoto, a Toyota, a Unitika, a Ishikawajima-Harima (Estaleiro) e as empresas comerciais (Kanematsu-Kousho, Nomura Boeki, Marubeni e Mitsubishi). Esta situação foi favorecida pela política do Presidente Juscelino Kubitschek de desenvolvimento pela industrialização do País com base no seu Plano de Metas. O Projeto da USINIMAS, no qual a participação japonesa foi decidida em 1957, representou o maior investimento japonês no exterior, depois da Guerra. Na segunda metade da década de 50, o comércio entre o Brasil e o Japão diminuiu. Porém, por outro lado, muitas empresas japonesas solidificaram suas bases no Brasil, estabelecendo suas empresas ou fábricas neste pais. Na década de 1960, a onda de investimentos japoneses no Brasil foi ainda mais elevada, aproveitando-se de que a década de 50 já havia marcado a fase de consolidação das relações econômicas entre o Brasil e o Japão. O Brasil foi importante para o Japão do ponto de vista da aquisição de recursos e da garantia de mercado para vender os seus produtos. Os brasileiros que estavam desenvolvendo sua industrialização, precisavam de máquinas e técnicas do Japão. Estas demandas foram bem articuladas e assim foram solidificadas as bases das relações complementares entre o Brasil e o Japão no período de 1949 e 1959.
Páginas: 116
URL: https://hdl.handle.net/1884/27113