A Esquerda em Armas: História da Guerrilha do Araguaia (1972-1975)

Romualdo Pessoa Campos Filho (Orientador: Janaína Passos Amado Baptista de Figueiredo)
Dissertação de Mestrado
Programa: UFG/PPGH
Defesa: 1995
Resumo: Analisa o contexto histórico em que viveu o Brasil entre os anos de 1961 a 1968. O governo do presidente João Goulart, marcado pela pressão dos setores conservadores, viveu momentos de crises e de medidas populistas, desagradando a vários setores. Com o golpe militar de 1964, partidos e organizações de esquerda passaram a agir clandestinamente, e estabeleceram táticas de luta visando derrotar a ditadura e implantarem um governo popular e revolucionário. Inspirados nas idéias e experiências de lutas da URSS, China e Cuba, procuraram implementar aqui no Brasil formas de lutas semelhantes; a guerrilha foi o caminho utilizado, nas cidades e no campo. Dentre as organizações de esquerda, duas se destacavam: PCB e o PCdoB, O PCB optando pela transição pacífica, seguindo as novas orientações da URSS; enquanto o PCdoB, criticando o pacifismo e "reformismo"que dominava vários partidos comunistas, optava pela luta armada, aderindo às idéias de Mao Tsetung, de guerra popular prolongada. A aplicação destes fundamentos pelo PC do B no sul do Pará e norte de Goiás (atualmente Tocantins), desde há muito foco de conflitos de terras. Em abril de 1972, sem que os militantes comunistas estivessem devidamente preparados, o Exército chegou à região, ao descobrir que ali se preparava um movimento guerrilheiro. A reação que ocorreu não atingiu apenas os guerrilheiros, mas também foram presos e torturados centenas de moradores suspeitos de ajudarem a guerrilha. A guerrilha se estendeu até o final de 1974, e somente em janeiro de 1975 as tropas federais abandonaram a região, deixando-a vigiada para evitar manifestações de apoio à guerrilha, ou que pudessem ser constituídos novos núcleos guerrilheiros. A presença na região de agentes da comunidade de informação manteve o clima de terror reinante no período da guerrilha. Agentes pastorais, padres, lideranças camponesas eram constantemente vigiados e intimidados caso desenvolvessem qualquer ação política. Ao mesmo tempo em que mantinha essa vigilância o sistema repressivo da ditadura visou a direção do PCdoB, partido que dirigira a guerrilha e, em 1976 praticamente destruiu sua direção.
Páginas: 214
Financiamento:
  • FUNAPE
URL: Tese não digitalizada