Colonização Cooperativa: A Legitimação de um Modelo. Um Estudo da Colonização do Leste do Mato Grosso (1970-1995)

Edson Luiz Spenthof (Orientador: Cyro Lisita)
Dissertação de Mestrado
Programa: UFG/PPGH
Defesa: 1995
Resumo: Tendo como objeto de estudo a colonização agrícola implantada a partir de 1972 no Leste de Mato Grosso pela Cooperativa de Colonização 31 de Março Ltda. - COOPERCOL, busca-se analisar o processo resultante da fusão entre colonização e cooperativismo. Este trabalho de observação, aliado aos estudos históricos e teóricos, nos leva à conclusão de que a fusão introduz um novo tipo de assentamento de agricultores de economia familiar (clientela preferencial das colonizações agrícolas da história recente do Brasil), ao mesmo tempo que acaba legitimando este modelo de solução para os problemas fundiários do País e para o incremento da modernização agrícola, privilegiadamente adotado pelo Estado desde a Revolução de 1930, mas especialmente a partir da década de 1970, que é a colonização agrícola. A novidade apresentada pela colonização do Leste de Mato Grosso é o que chamamos de auto-assentamento. Ela decorre do fato de que, na qualidade de co-proprietários da empresa cooperativa, que operacionaliza a colonização, os colonos se auto-assentam nas glebas e nelas organizam a sua produção. Mas é precisamente por esta característica que a colonização se legitima, pois a autonomia e a capacidade de autogestão são relativas. A imagem que se passa é a de que os colonos decidem todos os passos nas assembléias da cooperativa. Contudo, a colonização é essencialmente uma política de Estado, o que significa dizer que ela não se realiza sem a autorização oficial, principalmente no período em questão, e não tem sido possível sem os créditos altamente subsidiados. Para tanto, o Estado impõe a implantação de um padrão agrícola tecnificado, dentro da orientação maior de modernização agrícola em curso no país desde meados de 1950. Consegue'assim, uma nova região de mercado nacional e à lógica de acumulação de capital, principalmente do Centro-sul do Brasil, e manter inalterada a estrutura agrária nas regiões de origem e de destino dos camponeses atraídos. A maior parte destes, todavia, não realiza na colonização o sonho de reproduzir-se de forma ampliada.
URL: Tese não digitalizada