O Desenvolvimento da Construção Naval em Itajaí, Santa Catarina, uma Resposta ao Mercado Local, 1900 a 1950

Joana Maria Pedro (Orientador: Roger Frank Colson)
Dissertação de Mestrado
Programa: UFSC/PPGH
Defesa: 1979
Banca:
Resumo: Entre os anos de 1900 e 1950, em Itajaí, litoral norte do Estado de Santa Catarina, desenvolveu-se uma atividade tradicional da região, a construção de embarcações de madeira. Este desenvolvimento foi provocado pelo mercado local que no decorrer deste período cresceu e se transformou. Geograficamente a região sugeria o uso de embarcações por situar-se no litoral, localizar-se na foz de um rio e possuir um importante porto. A própria situação geográfica aliada ao desenvolvimento da região formaram o mercado local. Este sofreu transformações. De início a pesca artesanal, a navegação fluvial através do rio Itajaí-Açú e o comércio através dos portos do Estado proporcionaram o impulso para o desenvolvimento da construção naval, por exigirem estas atividades, embarcações de pequeno porte. Do início do século até os anos trinta, a construção naval de Itajaí foi basicamente artesanal e manual, exigindo perícia, trabalho e tempo dos construtores e carpinteiros da ribeira. Mesmo assim, apesar do uso de métodos que poderiam ser considerados rudimentares, conseguiram satisfazer a demanda do mercado que até este período fora pouco exigente. Os anos trinta representaram um período de dificuldades para a construção naval. Houve restrições de demanda e problemas com a legislação e encargos sociais que refletiam dificuldades na conjuntura econômica do país. A baixa de produção foi sensível e excedeu à queda da procura. O período 1941 a 1950 mostrou um panorama diferente. As demandas geradas pela guerra trouxeram ao porto de Itajaí um grande crescimento, que provocou uma procura maior de embarcações. Para atender a esta demanda, instalaram-se estaleiros modernos com máquinas elétricas para o beneficiamento da madeira que ia ser empregada. Destes estaleiros, os mais bem aparelhados foram montados com recursos provenientes de outras atividades econômicas. O crescimento da demanda apresentado, principalmente no início deste período, proporcionou lucros suficientes para, no final do período, permitir a modernização de outros estaleiros. A construção naval proporcionou de forma geral um rendimento estável, alicerçado nos trabalhos de consertos e reparos, nas construções destinadas a pequenos proprietários e no próprio contrato da obra que limitava as possibilidades de prejuízo. Entretanto este rendimento era limitado, pois a própria forma de contrato dava oportunidade ao proprietário de regatear o preço. Além disso por se alicerçar em construções destinadas a pequenos proprietários, pessoas de poucos recursos, os lucros eram limitados. As construções de embarcações destinadas a médios proprietários e empresas, foram, antes de 1941, esporádicas. Deste ano em diante e até 1945, as encomendas cresceram proporcionando lucros que foram capitalizados na modernização dos estaleiros. Antes de 1950 porém, já se começava a observar o declínio desta atividade. O mercado que a havia desenvolvido, estava se transformando rapidamente. A navegação fluvial e o comércio entre portos do Estado apresentavam franca decadência. O porto continuava crescendo, mas passava já a exigir não apenas embarcações de porte, como embarcações de ferro, que fugia à capacidade local de construção naval.
Páginas: 84
URL: http://repositorio.ufsc.br/xmlui/handle/123456789/74915