Centralismo Político e Tradição Histórica: Cidade de Goiás (1930-1978)

Cristina Helou Gomide (Orientador: Dulce Oliveira Amarante dos Santos)
Dissertação de Mestrado
Programa: UFG/PPGH
Defesa: 1999
Banca:
Resumo: Esse trabalho refere-se à cidade de Goiás, que foi sede política desde o período colonial até a década de 1930, quando ocorreu, legalmente, a transferência da capital para Goiânia. Percebemos que tal acontecimento estimulou a construção da imagem da cidade degradada, e, com base nisso, criou-se o discurso da tradição como justificativa para a preservação do espaço urbano. Assim, nosso período de análise está entre 1930 até 1978, quando deu-se a Segunda fase de tombamentos por parte da secretaria do patrimônio histórico e artístico nacional (Sphan) na antiga capital. Analisando a mudança da capital a partir do olhar daqueles que lá permaneceram, observamos que se construíram dois discursos: um que atribuía o conceito de atraso à antiga Vila Boa; outro que a exaltava como raíz da cultura goiana. Para perceber essas impressões, lançamos-mão, sobretudo, de relatos orais dos moradores que ficaram na cidade de Goiás após a mudança, bem como a imprensa da cidade. Utilizando a cidade como texto, nosso objetivo foi, a partir daí, mapear a trajetória da cidade de Goiás, de sede política para cidade histórica. Averiguamos que esse processo foi se efetivando à medida que a comunidade antimudancista mostrava-se resistente ao vazio causado pela transferência da capital. Diante disso, construiu-se um discurso que defendia o reconhecimento da história da cidade como forma de sobrevivência do espaço urbano. Assim, foram se edificando os conceitos de preservação e de patrimônio histórico-cultural para a comunidade. Em contrapartida, na década de 1950, o Sphan atuou na cidade, tombando alguns prédios históricos. Numa Segunda fase, no final da década de 1970, o órgão citado promoveu o tombamento de malhas urbanas, demostrando a modificação do conceito para a instituição. Com base no reconhecimento da tradição histórica da cidade, foram criados os museus, cujo papel à época era revitalizar a paisagem da cidade por meio da circulação de pessoas. Dessa forma, o espaço da cidade recebia um novo estímulo, movimentando seu ambiente, antes abandonado, demonstrando que a cidade histórica, é, antes de tudo, parte das relações sociais tanto entre os homens do passado quanto do presente.
Páginas: 236
URL: Tese não digitalizada