Resumo: |
Este trabalho pretende demonstrar que Voltaire se apresenta, naquela parte de sua obra analisada - os textos históricos e os contos filosóficos -, como o resíduo notável e surpreendente de um gênero muito antigo de reflexão sobre a história e apolítica. Nossa hipótese é que Voltaire continuou se ocupando do príncipe, através de exemplos extraídos da vida dos reis, engajado em traçar normas para guiar as cabeças coroadas de seu tempo. Em suas obras históricas e em seus romances e contos, Voltaire traçará as normas para bem conduzir o Estado, segundo as virtudes de um príncipe-administrador, segundo os novos princípios filosóficos de um rei-maquinista. O príncipe voltairiano se aproxima mais da perfeição quanto mais ele assuma posições relacionadas à sua competência administrativa, o que cria as condições para o progresso e a prosperidade de um reino. Contudo, ao dar as suas últimas pinceladas no retrato do seu príncipe perfeito, Voltaire acabará por exprimiros traços da cultura na qual se formou e que, apesar de sua notável modernidade, não conseguiu se desembaraçar de algumas fórmulas que se arrastavam na tradição do pensamento político desde tempos muito recuados. |